21 de setembro de 2013

10 de setembro de 2013


«os dois deitados nas nuvens a ver as constelações
o último a dormir apaga a lua, lembras-te das expressões?»

1 de setembro de 2013

carta para alguém com quem gostavas de falar

Não sei como é suposto falar contigo. Não por não estares comigo mas sim por eu não ter querido estar contigo enquanto podia. Não conseguia aceitar a ideia de não saberes quem sou, ou de pouco te lembrares de mim. Não conseguia também olhar para ti e não te reconhecer de tão magro e "sem vida" que estavas. simplesmente não eras quem estava habituada a ver. E espero que um dia me possas perdoar, quem sabe se não perdoarás antes de mim.
Não recebi a notícia da melhor maneira, aliás, estava sentada nas escadas do meu prédio, sozinha, à espera que a minha irmã chegasse com as chaves de casa, quando recebo uma sms da minha mãe "o padrinho faleceu". Conti-me, deixei que tudo o que tinha dentro de mim andasse de um lado para o outro, assim como os meus vizinhos faziam. Subiam e desciam escadas enquanto eu estava apática e apenas pedia que a minha voz não estremecesse quando dissesse "boa tarde". Porque por dentro eu estava só à espera de uma simples chave para poder entrar no quarto e chorar. A minha irmã não se apercebeu de nada até ao momento em que começou a ser difícil respirar e ter que a chamar. Nem foi preciso dizer nada para ela correr para mim e abraçar-me com força enquanto me transmitia a maior calma.
Foi o primeiro e único abraço dela que me lembro de ter recebido em tantos anos, não o trocava por nada. A não ser por um último abraço teu.

"Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós", Amado Nervo.

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